Entre o silêncio e o clique, mora quem eu sou.

Sou feita de pausas, sou feita do cheiro de filme antigo, do som de um suspiro leve, da luz dourada que escorre pelas folhas no fim da tarde.

Sempre fui assim: mais contemplação do que pressa, mais profundidade do que ruído.

Antes de ser fotógrafa, eu era apenas uma adolescente tentando entender o que sentia. Sempre tive esse chamado por observar o detalhe: a forma como uma mulher toca o próprio cabelo, o jeito como os olhos dela se enchem d’água sem que perceba, a verdade que escapa quando ela acha que ninguém está olhando.

E foi nesse silêncio das entrelinhas que descobri o meu lugar: por trás da câmera. Ali, onde a mágica acontece sem precisar de grito. Ali, onde eu me sinto inteira, testemunha da beleza escondida no íntimo, no gesto não ensaiado, no olhar que se oferece sem medo.

Escolhi fotografar mulheres porque vejo nelas um universo. Vejo força e cansaço, delicadeza e coragem, doçura e intensidade e principalmente, vejo uma fome de serem vistas com verdade, sem filtro, sem expectativa, sem performance.

Eu não estou aqui pra transformar ninguém, estou aqui pra acolher, pra lembrar que ser quem você é já é arte suficiente.

A mulher por trás da câmera? Sou eu, amante do pôr do sol, dos vinhos, das palavras que curam. E talvez, se você olhar bem…

Me encontre escondida em cada foto que eu faço.